Microsseguro pode transformar a realidade de famílias vulneráveis no Brasil

24 de março de 2025

Microsseguro pode transformar a realidade de famílias vulneráveis no Brasil

Microsseguro no Bolsa Família reforça a função social do seguro e amplia acesso à proteção financeira

POR JOÃO PEDRO POLIDO


O Projeto de Lei no 273/2025 propõe a inclusão de um microsseguro no Bolsa Família, com o objetivo de oferecer proteção adicional às famílias em situação de vulnerabilidade, sem custos extras para os beneficiários. A iniciativa prevê cobertura para eventos como falecimento de um membro da família, despesas funerárias, perdas na agricultura familiar, danos à residência e atendimentos emergenciais de saúde. O governo planeja investir R$ 50 por família, com gestão do Ministério da Cidadania em parceria com a Superintendência de Seguros Privados (SUSEP).

 

Segundo a diretora de sustentabilidade da MAPFRE Brasil, Fátima Lima, os microsseguros são seguros voltados para a população de baixa renda adaptados às suas necessidades, tanto em sua forma de distribuição como na cobertura e serviços ofertados. Eles se caracterizam por oferecer coberturas limitadas mais suficientes, destinadas a proteger a vida, o patrimônio, a poupança ou a família e, desta forma, promover a estabilidade financeira e inclusão econômica desse segmento da população. “Os microsseguros ou seguros com impacto social contribuem para o desenvolvimento sustentável ao viabilizar a inclusão da população com menor poder aquisitivo, que tem uma demanda reprimida por seguros, mas ainda não é atendida por produtos que atendam às suas necessidades. Ele reforça a função social do seguro”, explicou.

 

Apesar do tema estar em voga, não é um assunto novo. Em 1989 foi criado o Plano de Amparo Social Imediato (PASI), um microsseguro de vida em grupo que visa proteger trabalhadores de baixa e média renda em momentos de dificuldade. A presidente da PASI, Fabiana Resende, contou como este seguro foi criado para auxiliar trabalhadores, ativos e regularizados, da construção civil – na época um risco excluído pelas seguradoras. “Esse produto surgiu como um mecanismo de qualidade de vida, angariando soluções de proteção que tragam mais dignidade para a população. O grande desafio tem sido simplificar para a utilização real do produto, provendo alternativas dentro da realidade dos recursos do público-alvo. Nossa missão é facilitar a utilização do seguro para o consumidor.

 

Para o presidente da Associação Nacional das Microsseguradoras (ANM), Edson Calheiros, o mercado de microsseguros no Brasil está em pleno crescimento. “Em 2022, a arrecadação ultrapassou R$ 1 bilhão, quase o dobro do ano anterior, e nos primeiros meses de 2023, aumentou mais 26%. O avanço acontece porque mais pessoas e negócios, como MEIs e pequenas empresas, agora podem contratar esses seguros. Além disso, iniciativas como a parceria entre os Correios e a CNP Seguradora, e o crescimento das insurtechs, estão tornando os seguros mais acessíveis e fáceis de contratar”, disse.

 

De acordo com a pesquisa Data Favela 2023, instituto que estuda a atividade econômica das favelas no País, o Brasil tem mais de 16 milhões de pessoas vivendo em cerca de 11 mil favelas, que movimentam mais de R$ 200 bilhões por ano. Desse público, 5,2 milhões já são empreendedores e outros 6 milhões sonham em ter seu próprio negócio. “Em linha com as estatísticas, em 2024 lançamos o MAPFRE na Favela, um projeto que materializa a inclusão social e a acessibilidade do seguro, demonstrando, na prática, a integração da sustentabilidade na estratégia e no modelo de negócios da companhia. São os primeiros seguros de impacto social voltados para o empreendedor que reside na favela.”, apontou Fátima.


No aniversário de 20 anos do PASI, a empresa realizou um movimento para ouvir as histórias dos beneficiados pelo plano em todo o país. Segundo Fabiana, as indenizações de 12 a 15 mil reais transformaram a vida de muitas famílias. “Uma pessoa se emocionou ao contar que perdeu a mãe, mas que ela deixou um valor para que a família seguisse adiante. Outra, após a perda de um familiar, conseguiu comprar um terreno e construir uma casa. Há muitos relatos de beneficiados que conseguiram quitar dívidas deixadas por parentes ou até abrir um pequeno negócio.


Esse é o grande impacto do seguro. Enxergo a herança da pobreza como um dos maiores desafios da nossa população. Com o microsseguro, porém, é possível deixar recursos, não dívidas”, afirmou.

 

Fomentando o seguro

 

Na visão de Calheiros, o microsseguro está mudando a maneira como os brasileiros enxergam a proteção financeira, tornando o seguro mais acessível, inclusivo e parte do dia a dia de milhões de pessoas. Devido ao custo baixo e coberturas essenciais, como saúde, acidentes e perdas materiais, ele permite que famílias de baixa renda experimentem, na prática, os benefícios de estar segurado. “Além da segurança, o microsseguro ajuda a educar e conscientizar sobre a importância do seguro, mostrando que não se trata de um luxo, mas uma ferramenta fundamental para enfrentar imprevistos. No fim, todos saem ganhando: as famílias vivem com mais tranquilidade e a cultura do seguro se fortalece no Brasil”.

Um ponto de vista em comum entre os especialistas é como o microsseguro deve ser encarado como a porta de entrada para o seguro tradicional. Fabiana explicou como o Amparo Funeral PASI, lançado em 2021, oferece assistência funeral e apoio psicológico durante a vida, ajudando a despertar nas pessoas a consciência sobre outros tipos de proteção. “O consumidor precisa entender que o seguro faz sentido na sua vida. Ele precisa vivenciar a experiência para perceber que vale a pena, que o seguro realmente funciona. Nossa cultura de consumo é mais forte do que a de proteção. O microsseguro oferece produtos relevantes a custos acessíveis, o que pode mudar essa visão sobre o mercado. A experiência do cliente deve estar alinhada às suas expectativas e necessidades”, pontuou.

 

Corretor de Seguros

 

Para o superintendente de Parcerias da Zurich Seguros, Carlos Eduardo Silva, o microsseguro vai bem nas vendas e tem forte apelo ao público de varejos, principalmente pelo baixo valor e ticket de seguro, proporcionando acesso para todos, inclusive a população não bancarizada, a uma proteção de seguro. “Os produtos microsseguros da Zurich, por exemplo, ofertam diferenciais muito competitivos, dado as coberturas abrangentes e custo acessível aos segurados”, observou. Ainda de acordo com Fabiana, muitos corretores de seguros não desejam comercializar o produto devido ao valor baixo de comissão, entretanto, com o potencial de massa segurada, este é um nicho para o futuro. “As mensalidades para os consumidores custam, em média, de R$5 a R$15, porém, a recorrência de pagamento é perene, ou seja, o ganho de comissão a longo prazo é alto. O desafio do microsseguro se concentra na distribuição, não no produto”. A especialista contou como os corretores compram o produto para eles e a família, mas não oferecem para os seus clientes. “Existe a impressão de que ofertar o microsseguro exige muito trabalho operacional para pouco retorno. É necessário explicar e aculturar o consumidor, fazer o processo da venda com atenção, pois o público-alvo não está acostumado com o segmento. Acredito que é possível conciliar a rotina normal da corretora, ofertando seguros tradicionais, mas sem deixar o microsseguro de lado. Há demanda, mas falta oferta. Os que ingressarem no ramo vão colher muitos frutos lá na frente”, concluiu.


Fonte: Jornal do Corretor de Seguros - JCS ed. 486


Clique aqui e acesse

Mais Postagens

Por Seguro PASI 11 de abril de 2025
O desafio dos corretores na venda de seguros foi tema durante a última edição do CQCS Bate Bola, apresentado por Gustavo Doria Filho na TV CQCS. O programa recebeu Fabiana Resende, presidente do PASI. A executiva reforçou que internamente foi necessário abrir mão da atuação como corretores para liberar o produto aos profissionais parceiros, permitindo que os mesmos o distribuíssem. “Os corretores continuam levando essa missão a sério e reconhecendo a credibilidade da marca. Isso é muito bacana, pois vai muito além das convenções. Foi algo de fácil assimilação para o corretor que já trabalha com o PASI, porque ele compreende claramente o nosso propósito: queremos entregar uma experiência, queremos entregar encantamento, acolhimento e, acima de tudo, proteção”, disse. Existe um potencial de crescimento no segmento de seguros de vida, onde a maioria da população ainda não possui cobertura. O PASI possui o propósito de aumentar essa base sob seus produtos inovadores. Confira a entrevista completa:
Por Seguro PASI 11 de abril de 2025
A última edição do programa CQCS Bate Bola, apresentado por Gustavo Doria Filho na TV CQCS, recebeu a presidente do PASI, Fabiana Resende. A executiva compartilhou informações sobre os produtos voltados para as necessidades das pessoas e das famílias e deu foco nos detalhes sobre a transição para a presidência. Durante a entrevista, Fabiana Resende reforçou a prioridade da atuação do PASI junto aos segurados. “Temos produtos para estagiário, produtos licenciados para alguns perfis de trabalhadores específicos. Os nossos clientes finais são as pessoas, são as famílias, ou seja, são a base da pirâmide. O PASI entra em todos os nichos, mas a grande massa dos segurados que temos são as classes D e C, diretamente”, disse Em relação à sucessão na empresa, a executiva salientou onde o novo presidente compartilha suas experiências e percepções sobre esse momento crucial. “É uma sucessão do fundador da segunda geração. O meu pai me passou o bastão com essa credibilidade de topar fazer o que a gente acredita que faz sentido agora. E ele entende que a gente acredita que o futuro do país, é diferente do passado do país”, concluiu. Confira a entrevista completa:
Por Seguro PASI 9 de abril de 2025
 Apresentado por Gustavo Doria Filho, o CQCS Bate Bola recebeu a presidente do PASI, Fabiana Resende. Durante a entrevista, ela relatou como o PASI indenizou a família de uma professora, em menos de 48 horas. No início da corretora, um amigo de Alaor da Silva Junior, fundador do PASI, solicitou que um seguro fosse indenizado rapidamente, para relatório da caixa da Associação dos Professores da Universidade Federal de Minas Gerais. “O profissional de educação morria e a família pegava dinheiro emprestado para enterrar e não voltava para devolver. Nesse caso, nasceu a brecha para o atendimento em duas associações da UFMG e da UFOP, aprovado na época pela antiga Vera Cruz Seguradora”, explicou Fabiana Resende. A executiva conta uma situação real e como foi resolvida: “Ele correu, na época, à Vera Cruz, onde tinha sido a seguradora que conseguiu aprovar a ideia. Na primeira indenização, cerca do terceiro dia de vigência, morreu uma professora. Meu pai conta que correu para resolver tudo. Ele inclusive, pagou todas as despesas desse funeral”. A iniciativa levou a inclusão do seguro de vida em convenções coletivas de trabalho, o que foi um marco. Naquela época, não havia um seguro desse tipo disponível. O PASI não viabilizou somente um modelo de baixo custo, mas ajudou na massificação do seguro entre empresas atuantes em diversos setores.
Por Seguro PASI 8 de abril de 2025
Fabiana Resende, presidente do PASI – Plano de Amparo Social Imediato, participou do Bate Bola CQCS, com Gustavo Doria Filho. Durante a entrevista, a executiva detalhou sobre a consolidação da empresa no mercado de seguros, com foco em proporcionar proteção e segurança para o trabalhador. Ela detalhou como o PASI iniciou suas atividades, ao oferecer o seguro de vida para uma camada da sociedade. “É um plano de amparo social imediato e basicamente é um seguro de vida e acidentes em grupo. Nasceu em 1989 para amparar a camada da população de trabalhadores que não tinham proteção naquele momento. Então, nasceu através de uma iniciativa do meu pai, Alaor, que é o fundador da empresa, na época corretor de seguros, querendo fazer diferente”. O PASI tem como missão repensar o seguro de vida, como uma resposta a uma lacuna no mercado de seguros. Foi criado para oferecer um plano de amparo social imediato, com todas as proteções oferecidas pelo seguro de vida. “O PASI nasceu, inicialmente, como um pecúlio da previdência para atender diretamente trabalhadores específicos”, concluiu. 
Por Seguro PASI 7 de abril de 2025
O PASI, referência no mercado de seguros sociais, passa por uma importante mudança estratégica em sua estrutura comercial. Vivianne Andreazzi, que já acumulou uma trajetória de sucesso na empresa, assume agora o desafio de liderar a Gestão Comercial Nacional. Essa decisão reflete o compromisso do PASI com o crescimento sustentável e o fortalecimento das relações com os corretores. Enquanto isso, Mateus Ribeiro é o líder das áreas Atuarial, FOP (Fidelização, Oportunidades e Pós-Venda) e Inteligência de Dados. Em entrevista, Vivianne Andreazzi explica sobre a sua função e os próximos passos que visam fortalecer ainda mais o posicionamento do PASI no mercado segurador. A estratégia por trás da mudança
Postagens mais antigas